Os Estados em muitas geografias mundiais cunham nas constituições, a independência dos três órgãos de soberania e direitos fundamentais, mas na prática o “modus operandi” é diametralmente oposto. Coarctam, espancam, prendem e assassinam, todas tentativas de manifestação e reunião, em prol das liberdades, alternância e democracia. O executivo de Angola, esmera-se na prática de afirmar ter a galinha chocado um jacaré. Tudo com a cumplicidade do ocidente, que defende um tipo de democracia na Europa e Estados Unidos e outra em África, mas próxima da ditadura, ladroagem e corrupção. Estamos a viver uma verdadeira revolução de conceitos!
Por William Tonet
O pleito eleitoral de 2027, começou! Os sinais de arranque da engenharia não mentem, de tal monta que o MPLA está a ser, em 2024, o mais honesto possível, fazendo e aprovando, à luz do dia, práticas jurídicas dantescas, que influenciarão o desfecho eleitoral de 2027.
O privilégio ao betão e ao bélico, tirando do centro do orçamento os 20 milhões de pobres, visa tornar vulneráveis e dependentes, milhares de cidadãos, a quem o regime conceder cestas básicas, na fase prévia das eleições.
As obras faraónicas estão concentradas no segmento da saúde e estradas, criando a ilusão de preocupação com a construção de grandes hospitais, mas o essencial será garantir valores financeiros, que vão escoar para as “fossas do regime”, como garantia de maiores meios e materiais para corromper opositores e enfrentar o pleito eleitoral.
Logo, o voto, não electrónico, continuará a ser o melhor instrumento para a continuidade da batota e fraude.
E para desviar as atenções, o partido de regime simula alegadas divergências internas, mas não deixa de engendrar, qualquer que seja o pião (Nandó, Higino, Boavida ou Venâncio), a estratégia de manutenção do poder.
Daí que as ditaduras, qualquer que seja a latitude, Angola não foge a regra, chegados ao poder, sem legitimidade eleitoral, mas por força da outorga da “carta de alforria” colonial, têm medo da aritmética como diabo da cruz.
Os ditadores evocam, para ludibriar os incautos, no texto constitucional, com viés colonial, feito a sua imagem e semelhança, respeito pelas liberdades e democracia, mas o seu “modus operandi” ao longo de 50 anos de (in)dependência é ditatorial e anti-republicano.
O balanço é, para a maioria autóctone, negativo.
A vida regrediu!
Para os do andar de cima, maestros da delapidação do erário público e da corrupção gourmet, a situação melhorou. quilometricamente!
Um contraste que transformou os líderes do MPLA insensíveis, ao ponto de, nos últimos 8 anos terem massificado os “supermercados dos contentores de lixo” onde os sobejos de uns, abastecem, diariamente, a “dispensa estomacal” de milhões de autóctones, atirados pelas dantescas políticas governamentais à fome e miséria.
Uma estratégia que atinge todos os sectores, tendo ficado demonstrado, que desde 1975, o regime não aposta na Educação e Saúde, para manter a iliteracia, traindo os sonhos dos angolanos, iniciado com os Acordos de Alvor, que previa a constituição de um Poder Constituinte, para eleição de uma Assembleia Constituinte representativa, com os três movimentos, “como únicos representantes do povo angolano”.
Foi desta forma que os cidadãos que não viram reconhecido, por força das armas, o sonho de escolher, através do voto os seus representantes, têm visto as suas vidas a regredir, assustadoramente, mais que no período colonial.
A altivez que portam, sentados nas poltronas dos palácios, antes coloniais, é siamês a dos corvos, que não se coíbem de degolar o pescoço dos cidadãos, que preteritamente diziam ter lutado para os libertar.
Desafortunadamente, para desgraça colectiva dos povos a vida piorou com os ditos revolucionários, quais “batoteiros de pacotilha”, que hastearam bandeiras não consensuais, limitadoras dos sonhos de liberdade. Os colonos outorgaram-lhes a condução do território e, estes proclamaram, única e simplesmente, a independência material.
Esta inspira-se na continuidade dos métodos coloniais, através dos seus capachos, que adoptaram do antigo opressor, língua, culinária, vestimenta, quando deveriam ter proclamado e ainda não será nestes 50 anos, a proclamação da INDEPENDÊNCIA IMATERIAL, onde no mastro subiriam as línguas indígenas, as culturas, tradições e a Carta Constitucional tradicional e positiva, impondo práticas e procedimentos escravos das liberdades e democracia.
MÁQUINA ELEITORAL A TODA A ELECTRICIDADE
O MPLA já colocou a máquina eleitoral em campo e, sem que muitos se apercebam, lança âncora a alta roda financeira, montando um “excel” para futuros e competentes vazamentos eleitorais.
A GEFI, grupo económico empresarial do MPLA, reposicionou-se, alterando a cúpula administrativa, estando á rever as várias acções e participações nas empresas e bancos públicos e privados…
A abertura do espectro de telecomunicações, a empresas estrangeiras, sem o devido escrutínio e salvaguarda da soberania nacional, vaticina uma possível troca de favores, em período eleitoral.
A empresa de libaneses, com nacionalidade americana, Africell, não terá alegadamente, pago a concessão da licença, de acordo com os padrões internacionais, tão pouco feito os investimentos técnicos exigíveis, recorrendo, por decisão dos órgãos do poder as antenas da UNITEL e MOVICEL.
As facilidades iniciais, segundo disse ao Folha 8, o engenheiro Moisés Kayandula, “concedidas a esta empresa e, provavelmente, a que vai ficar com a MOVICEL visam não só fragilizar as telecomunicações nacionais, colocando-as ao serviço de empresas e fundamentalistas extremistas, barricados no nosso país e outros com pretensão de o invadir, como lançar mais técnicos angolanos de telecomunicações no desemprego”, disse, acrescentando, que “no final de contas, com estas empresas estrangeiras mas as de controlo informático, na CNE, nunca nenhum outro partido conseguirá ganhar eleições”.
Por outro lado, a Lei dos Crimes contra o Vandalismo configura a mais “hitleriana” norma jurídica, inibidora para a realização de manifestações e reuniões pacíficas por parte da oposição, quando em causa estejam a defesa das liberdades e da democracia. Ela visa o futuro e como tal, muitas das críticas já se estão a diluir, em 2024 e o objectivo final do MPLA é que alguns resquícios de lamentações por parte da oposição sejam audíveis em 2025 e 2026, para em 2027 ela ser normalizada…
Os acordos com os americanos e a promessa de aquisição de material bélico, quando o acervo das FAA é russo, não é por acaso, tal como a compra de cerca de meia dúzia de aviões Boeing 787 Dreamliner.
O Corredor do Lobito concedido, sem escrutínio de outros órgãos de soberania (violando a Constituição, – al.ª e) art.º 95.º – Domínio público), aos americanos e europeus, com permissão de explorarem, ainda, os mineiros (diamantes, cobalto, lítio, etc.) ao longo da linha férrea, visam “amordaçar” a mente e o silêncio ocidental à eventual fraude eleitoral.
Igualmente, a compra de 15 aeronaves Airbus, à Europa, quando a especialização dos quadros da TAAG é da Boeing, configuram a triplicação de despesas, quando o país definha à fome e miséria.
A colocação de activos e bens arrestados no exterior, sob gestão do Fundo Soberano, por despacho de 17 de Outubro de 2024, do Presidente da República, João Lourenço, sob recomendação do presidente do MPLA, João Lourenço, sem haver trânsito em julgado, dos processos em tribunal, indiciam o salto antecipado da gazela.
A multiplicidade de contratos e as obras megalómanas, num oceano de fome e miséria, indiciam este preparo.
O ajuste de algumas leis, apontam o domínio exigido para, na consumação da batota está a ser evocada, interna e externamente.
A oposição e sociedade civil parecem distraídos, esquecendo o passivo de 2022, continuam “grudados” no respeito à Constituição e às leis, como se estas valessem, alguma coisa, para o regime.
Os ingénuos e incautos devem despertar, sob pena de “morrerem”, de novo, na margem. Porque a esperança é muito ténue de, o voto, vir a ser a base da alternância, em Angola. Não o será! Infelizmente!
E, ao contrário do que muitos possam estar a pensar, para a entourage do MPLA, não importa quem seja o futuro líder, desde que mantenham o controlo das finanças públicas, continuem no poder, contando com a cumplicidade da CNE (Comissão Nacional Eleitoral), Tribunal Constitucional e Tribunal Supremo, liderados por “bem comportados”, fiéis e obtusos membros do partido no poder, nomeadamente, Manuel da Silva “Manico”, Laurinda Cardoso e Joel Leonardo, um trio avesso ao cumprimento dos pergaminhos do direito. O resto não importa…
As reuniões com a Comissão de Honra do MPLA, longe de servirem para amenizar o tenso ambiente interno entre as várias alas, fruto dos astronómicos erros políticos e económicos, ao longo dos 8 anos de poder de João Lourenço, visam transmitir aos anciãos uma nova e robusta estratégia de continuidade das mordomias, pese a maior taxa de impopularidade de um líder do partido, durante os 50 anos de governação do partido no poder.
Noutro extremo, os ajustes militares e policiais, com jovens turcos, muitos longe da linha de sucessão, nas Forças de Defesa e Segurança, não são inocentes, reflectem o medo pela reacção popular, que deverá ser estancada, com chefias, que terão de demonstrar a gratidão, a quem os nomeou. Igualmente, o reforço do poder do general Siqueira Lourenço, irmão do Presidente, apesar de adjunto, na Casa Militar onde, numa assentada (18.09.24) nomeou 2 mil sargentos e oficiais, para mostrar a quem, os “beneficiados”, devem estar subjugados.
Assim, na eventualidade de insatisfação popular, os americanos e europeus, com tantas benesses, não denunciarão a fraude e a batota eleitoral, mas a necessidade de estabilidade, em função dos alegados investimentos estrangeiros, que mais se assemelham a rapina das riquezas do país.
Mas esta é a fórmula democrática ocidental. Para África, qualquer simulação vale, desde que lhes garanta um ditador, que multiplique a pobreza dos povos e entregue as riquezas do país. Tudo diferente da aplicada nos respectivos países.
Para a turma do capital, que se danem os valores ético-morais, estando assegurado os valores monetários, fruto do escoamento de matérias-primas de Angola e África, a baixíssimo custo.
Angola é para ser explorada e não desenvolvida, tudo com a permissão dos “comichionistas” no poder, que a troco de milhões para engordar contas corruptas, abrem-se que nem quitetas aos ocidentais, que tudo fazem para aumentar o desemprego, promover a fome, miséria e empobrecimento das populações.
Finalmente, verificamos, com o que tem acontecido em Angola, Moçambique e outros países de África, muitos dos regimes no poder, por cumplicidade dos Estados Unidos e Ocidente não adoptam a democracia, mas a autocracia, porque a primeira sendo uma organização social onde a soberania de escolha dos representantes reside no cidadão, através do voto, em eleições livres, justas e transparentes, sem qualquer possibilidade de fraude e batota, inviabiliza a segunda que garante a exploração, para o mesmo ocidente das matérias-primas a baixo custo…